terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Serie BICO: usar ou não - enfermeira

Por: Yara Maria Diniz Figueiredo*

Durante nove meses toda mulher nutre, embala, alimenta seu filho e interage com ele, em seu ventre, vinte e quatro horas por dia. Uma ligação nutritiva e afetiva.
É chegada a hora do nascimento! O primeiro grande limite que o bebê vivencia é a separação da sua mãe, pessoa muito especial que o embalou carinhosamente.
Não há mais a nutrição via cordão umbilical!
http://www.bebe123.com.br/amamentacao/a-importancia-da-amamentacao-ainda-na-sala-de-parto.html
Inicia-se a fase oral. O bebê reconhece o mundo pela boca e é por isto que é tão importante que ao nascer toda criança seja colocada sobre a mãe, para uma religação afetiva e de reconhecimento de uma nova fase – terá que sugar para alimentar-se.
Na nossa cultura a maioria das pessoas enfatiza que as crianças choram por fome e por cólica. Como acalmá-las? Se,nesta fase, os bebês reconhecem o mundo pela boca e se a religação ou com a mama, ou com a mão ou com a chupeta é que o tranquiliza, o que fazer?
É muito polêmica a utilização da chupeta (bico) na nossa sociedade.O Ministério da Saúde atesta contra a sua utilização. Existem profissionais favoráveis e aqueles contrários ao uso da chupeta. Há ainda a questão cultural, embutida no seio familiar. Neste novelo de informações controversas estão os pais do bebê, cada vez mais inquietos e inseguros sem saber o caminho a seguir.
Bom, na fase oral a sucção e a sucção vazia são mecanismos associados à necessidade de satisfação afetiva e de segurança do bebê. Neste contexto, não sou favorável ao uso da chupeta, mas também não sou contra a sua utilização. Não vejo a questão como um dogma, ou uma diretriz absoluta.
Na realização do meu trabalho, cuido do ser humano, cuido de famílias, e é preciso ouvir as individualidades e necessidades para conhecer o comportamento do bebê e suas características.
Não existe criança igual.      
http://vidademaedani.blogspot.com.br/2010/06/amamentacao.html

Não existe sucção igual.
Não existe família igual.
Não existe comportamento igual e, portanto, as condutas não podem ser iguais, é preciso conhecer as histórias!!!
Temos muitas crianças que satisfazem suas necessidades de sucção apenas com o aleitamento materno. Doutro lado, outras precisam da sucção vazia após as mamadas, isso porque no momento que segue o aleitamento há um aumento do peristaltismo ou do reflexo gastrocólico- movimentos fisiológicos que são conhecidos como as famosas cólicas de recém-nascido. E aí surgem as situações de tensão familiar pela inquietude do bebê, o que fazer para acalmar?
É preciso acalmar!!! A sucção não nutritiva tem efeito semelhante ao que ocorre quando ele mama no peito da mãe, porque também o tranquiliza. Há trabalhos científicos que nomeiam as “chupetas” ou “bicos” de verdadeiros calmantes.
É necessário resgatar a segurança que o bebê tinha na barriga da mãe, respeitando as necessidades dele, não basta seguir apenas protocolos de forma engessada.
O bebê não precisa apenas de ser “nutrido” fisiologicamente. De fato, a sucção vazia, como o próprio nome já diz, não alimenta. É necessário utilizar todos os sentidos para identificar as necessidades do bebê, é preciso acalentar, é preciso cuidar afetivamente, conversar com o bebê e identificar pela escuta os choros e tipos de choros, por vezes ouvir o choro pacientemente. É importante criar um espaço que assegure à família um cuidado confortável e prazeroso, tanto para os pais quanto para o bebê.
http://bebeatual.com/criancas-chupetas_42
Após 25 anos de experiência no incentivo à prática do aleitamento materno,entendo que é preciso parar de proibir, é imprescindível olhar para as pessoas e ouvi-las. É essencial cuidar do ser humano na sua singularidade.

*Yara Maria Diniz Figueiredo é mestre em enfermagem e doula, proprietária da Clínica Amamente
Av. Minas Gerais, n700 sala108 - Centro - Governador Valadares - MG
Tel: (33) 32762625
https://www.facebook.com/clinica.amamente/

Nenhum comentário:

Postar um comentário