quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Rotina para meu filho: como fazer?

Por: Marcela Otoni

Duas coisas muito importantes quando se pensa em Rotina: Persistência e Bom-senso.
Estamos muito imediatistas, querendo que tudo ocorra de maneira rápida (de preferência pra ontem). Contudo, para se colher os frutos da rotina é necessário um trabalho inicial árduo, ou seja, muita persistência, paciência e força de vontade. Tudo que é novo causa resistência e estranheza, então com a implantação de uma nova rotina não poderia ser diferente. Cada criança e bebê tem seu tempo, geralmente precisa-se de cinco a quinze dias para se acostumar com a rotina nova e se tornar "automático". Mas é claro que terão dias que por diversos motivos a criança ou bebê resistirá a seguir a rotina (dia de vacina, dente nascendo, visita em casa ...), o que é completamente compreensível. Aí, entra o segundo ponto importante: bom-senso. Existirão dias que a rotina não será cumprida também pelos pais (por exemplo o dia que se tem uma visita a noite ou um aniversário, o horário de dormir será alterado), o que não prejudica em nada.


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ATENÇÃO: Rotina não é sinônimo de Rigidez e sim de Organização. É preciso ter espaço para atividades extras ou imprevistos que possam surgir. Rotina é uma referência e deve ser  realizada com prazer.                                       
Quando for construir uma rotina deve-se respeitar as características individuais de cada um, observando as atividades de preferência da criança e os horários em que está mais ativa (por exemplo, tem criança que rende melhor fazendo o dever de casa à noite e tem outras que funcionam melhor na parte da manhã).
Outro ponto relevante é não encher a agenda de atividades. A criança necessita de tempo livre para brincar ou fazer nada, isso é essencial nessa fase da vida. Excesso de atividades gera estresse, podendo levar a diagnósticos como o de hiperatividade e compulsão, além de problemas de sono.
Quando for elaborar a rotina da criança ou do bebê, lembre-se  de satisfazer além das necessidades biológicas (alimentação, sono ...), as necessidades cognitivas e motoras (brincar, ler ...) e também as necessidades afetivas (tempo com a família, massagem ...).
Os pais devem ficar bastante atentos ao comportamento dos filhos nos primeiros dias de implantação da rotina, pois poderão fazer modificações se observarem que a criança não está se adaptando ou que não funcionou bem com o horário dos pais. É no início o momento ideal para se fazer as alterações.
Para cada faixa etária, existem atividades adequadas e limites que devem ser respeitados. A rotina, por isso, pode ser alterada de seis em seis meses ou de ano em ano, dependendo da idade e do desenvolvimento da criança. Quanto menor a idade, mais adaptações em menos tempo ocorrerão na rotina. A rotina de um bebê de um mês é completamente diferente de um com seis meses, por exemplo. Já uma criança de seis anos poderá manter a mesma rotina durante todo o ano.
Para a rotina do bebê: primeiro deve-se atentar para as orientações de alimentação passadas pelo pediatra. A rotina que sugiro é baseada no livro A encantador de bebês (que aliás, é muito bom) com algumas adaptações. Nele a autora sugere a rotina do E.A.S.Y. (E = eat, comer; A = activity, atividade; S = sleep, dormir; Y = You, você), ou seja, numa escala de três em três horas, primeiro alimentar, depois alguma atividade (banho, troca de fralda, brincadeira), logo após o sono e por fim o tempinho para a mãe. A única modificação que sugiro é a atividade antes da alimentação com o bebê menor que seis meses, por causa da regurgitação do leite. Um ponto super relevante: a não ser por orientação médica, noite serve para se dormir, então o bebê não precisa comer a noite, ele precisa dormir e cabe aos pais ensiná-lo isso (faremos um post somente sobre o sono do bebê).
Para crianças a partir de um ano: a criança deve construir a rotina com os pais (para que não se torne uma mera cumpridora de tarefas). Existem horários e atividades que podem ser negociados (horário de assistir tv, de brincar, banho) outros não (hora de dormir, almoçar). Tudo deve ser explicado para a criança. É interessante incluir tarefas da casa na rotina, sempre de acordo com a faixa etária (arrumar a cama, guardar os brinquedos, trocar a água do cachorro). Depois de construir a rotina, escolha um local acessível  para se colocar o quadro (existem diversos modelos e ideias disponíveis na internet). Para crianças menores, uma boa dica é colocar figuras ao invés de escrita no quadro da rotina.
http://itmae.uol.com.br/casa/tudo-organizado/4-erros-ao-ensinar-organizacao-para-criancas


A rotina evita um enorme estresse vivido em diversos lares: pais repetindo mil vezes as mesmas coisas e filhos cansados de tanto ouvirem os pais falarem. Com a rotina a criança sabe o que deve ser feito. Evita que os momentos em família sejam estressantes ao invés de prazerosos. Facilita a comunicação intra familiar, já que o nível de ansiedade diminui e os pais passam a ter tempo para eles (o que é essencial, os pais precisam ter tempo para suas atividades individuais e para o casal).
Criança com rotina se torna um adulto organizado, responsável, seguro e confiante.

Divida conosco suas experiências e exemplos de rotina.
*Marcela Otoni: psicóloga, mestre, especialista em psicanálise infantil e do adolescente, com formação em psicanálise de casal e família.
Consultório: rua Marechal Floriano, n°600 sala 101 - Centro - Governador Valadares/MG
Tel:33 32711572

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